No embalo do início das aulas o NUPAS
escolheu o animal símbolo da sabedoria para discutirmos um pouco mais, a
coruja! E que ela então nos traga muita sabedoria em mais um ano letivo.
Foi na antiguidade que a coruja se
tornou símbolo da sabedoria. Segundo a mitologia grega, Athena, Deusa da
sabedoria, tinha como mascote uma coruja, que permanecia no seu ombro e lhe
revelava todas as verdades invisíveis. Além disso, o que lhe conferiu este
mérito foi o seu hábito noturno e sua visão privilegiada. Acreditava-se que as
corujas viam o que os humanos não viam, por enxergarem na escuridão e
conseguirem girar seu pescoço em 270º. Representando, portanto, para muitas
culturas uma conhecedora do oculto. Não é a toa que a coruja aparece em vários
desenhos como uma grande conselheira, contadora de histórias e transmissora de
conhecimentos.
Sr. Corujão, personagem do Desenho Winnie the Pooh da Walt Disney
As corujas, assim como outras aves são
usualmente classificadas por ornitólogos como aves de rapina, por
alimentarem-se de outros animais além de apresentarem bicos e patas
especialmente adaptados para a caça. As corujas, pertencentes a ordem
Strigiforme, são ainda divididas em
rapinantes noturnos, assim como os mochos, as suindaras, entre outros.
A relação entre o homem e os rapinantes
pode ser considerada paradoxal, pois por diversas civilizações antigas foram
consideradas como símbolos de veneração religiosa ou poder, essas mesmas aves
têm sido impiedosamente perseguidas nos últimos séculos como predadoras de
animais domésticos. No entanto, o progressivo conhecimento sobre a biologia
desses animais vem demonstrando sua verdadeira importância ecológica no
controle de vários insetos, aves e roedores considerados pestes na agricultura
ou reservatórios de zoonoses, revelando os benefícios que a conservação dessas
espécies pode gerar ao homem. Ainda assim, inúmeras ameaças pairam sobre as
aves de rapina no Brasil, assim como no mundo inteiro, sendo a maior delas a degradação
e destruição do habitat, seguida pela contaminação ambiental por pesticidas e
outro poluentes (metais pesados e compostos bifenólicos), destruição de
corredores de migração, envenenamento intencional e tráfico internacional de
animais selvagens.
Conhecido por sua impressionante
extensão territorial e biodiversidade, o Brasil abriga quase 1.800 espécies de
aves, segundo cálculos recentes do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos
(CBRO, 2006). Entre as espécies da ordem Strigiformes, a família Tytonidae
possui apenas uma representante na América do Sul, a suindara (Tyto alba), que se caracteriza pela
presença de um disco facial em forma de coração, estrutura delgada e coloração
ventral branca. Paralelamente, a família Strigidae compreende 49 espécies no
continente, das quais 19 encontram-se em território brasileiro. Algumas
particularidades que separam as suindaras da família Strigidae são a estrutura
da siringe (membrana localizada no aparelho respiratório, responsável pela
produção e emissão de sons) e a posição das pernas.
Ao contrário da crença-popular, na
ordem Strigiformes raras são as espécies de hábitos essencialmente noturnos,
sendo a maioria das corujas de atividade crepuscular. No entanto, a coruja
buraqueira (Speotyto cunicularia) e o
mocho dos banhados (Asio flammeous)
são considerados diurnos, enquanto algumas aves do gênero Glaucidium apresentam hábitos diurnos até certo ponto.
Se considerarmos a presente lista de
fauna ameaçada de extinção no Brasil, perceberemos que quatro de nossas aves já
foram extintas na natureza. Duas delas, que também ocorriam em outros países,
nunca mais poderão ser vistas em seus ambientes naturais; ninguém mais poderá
apreciar seu colorido, seu canto ou seu voo e, pior, suas interações com outras
espécies de animais e plantas também desapareceram por completo. Estas aves que
desapareceram nos mostram em quê e como erramos no passado e, claro, são a mais
pura tradução do que irá acontecer com a nossa biodiversidade se o processo de
destruição da natureza prosseguir nos níveis e velocidade atuais.
Por fim, leitores do blog É o Bicho, desejamos um bom início de atividades e que saibamos agir sempre com grande
sabedoria, seja no trabalho ou com relação aos animais silvestres!
Por: Thaís Hipolito
MACHADO, A.B.M., DRUMMOND, G.M., PAGLIA, A.P. (org) Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Vols 1 e 2. Brasília: MMA, 2008.
CUBAS, Z.S., SILVA, J.C.R. & Cartão-Dias J.L. (ed.) Tratado de Animais Selvagens - Medicina Veterinaria. Editora Roca, São Paulo.
São Paulo (estado). Polícia Militar do Estado de São Paulo. Comando de Policiamento Ambiental do Estado de São Paulo.