segunda-feira, 18 de março de 2013

As semelhanças são grandes

Quem nunca ouviu falar que “Não se compra o livro pela capa” ou “As aparências enganam”? São ditados populares como esses que nos deixam um pouco ressabiados e desconfiados, afinal “Um homem prudente vale mais que dois valentes”. Hoje o NUPAS irá mostrar a você leitor que realmente “Nem tudo que reluz é ouro”.
Na natureza os animais costumam se proteger de seus predadores de diversas maneiras, se escondendo, subindo nas arvores ou ainda se camuflando. O ato de se camuflar nada mais é do que uma adaptação ao meio ambiente no qual o animal vive, permitindo com que o mesmo seja indistinto ao meio que o cerca. Este recurso é resultado de uma seleção natural que determinada espécie sofreu durante muitos anos. A camuflagem pode ocorrer através da coloração, da cobertura corporal ou ainda pelo formato do corpo, por exemplo, os golfinhos e alguns peixes marinhos que possuem uma coloração azul acinzentada para se assemelharem ao mar.


Esta imagem foi obtida dos arquivos do NUPAS, aonde podemos observar a presença de dois quatis camuflados no ambiente em que vivem, devido, principalmente, a sua coloração.
Outra característica que algumas espécies de animais silvestres apresentam, a qual os permite se proteger dos predadores, é a mimetização. Pode ser facilmente confundida com a camuflagem, mas são processos muito diferentes. A mimetização ocorre quando uma espécie animal imita características de outra espécie animal ou vegetal, tornando-as muito parecidas e enganando os predadores ou as presas. Existem algumas espécies de borboletas que possuem desenhos em suas asas semelhantes a olhos espantando assim seus predadores, ou ainda uma espécie de aranha que apresentam o corpo muito parecido ao de uma formiga permitindo uma aproximação da sua presa e uma captura mais fácil . Outro exemplo muito característico é a Cobra-coral-falsa (Oxyrhopus sp.), que  não é peçonhenta, se assemelha muito a Cobra-Coral-verdadeira (Micrurus frontalis e Micrurus corallinus), que são cobras peçonhentas, para se proteger de outros animais.

M. corallinus

M. frontalis

Oxyrhopus sp.

Portanto caro leitor, é sempre bom estarmos atentos aos “Lobos em pele de cordeiro”. Boa semana a todos!


Fonte das imagens 2,3 e 4:
São Paulo (estado). Polícia Militar do Estado de São Paulo. Comando de Policiamento Ambiental de São Paulo.

Por: Thaís Hipolito


segunda-feira, 4 de março de 2013

Que sejamos tão sábios quanto as corujas!


No embalo do início das aulas o NUPAS escolheu o animal símbolo da sabedoria para discutirmos um pouco mais, a coruja! E que ela então nos traga muita sabedoria em mais um ano letivo.
Foi na antiguidade que a coruja se tornou símbolo da sabedoria. Segundo a mitologia grega, Athena, Deusa da sabedoria, tinha como mascote uma coruja, que permanecia no seu ombro e lhe revelava todas as verdades invisíveis. Além disso, o que lhe conferiu este mérito foi o seu hábito noturno e sua visão privilegiada. Acreditava-se que as corujas viam o que os humanos não viam, por enxergarem na escuridão e conseguirem girar seu pescoço em 270º. Representando, portanto, para muitas culturas uma conhecedora do oculto. Não é a toa que a coruja aparece em vários desenhos como uma grande conselheira, contadora de histórias e transmissora de conhecimentos.

                                  Sr. Corujão, personagem do Desenho Winnie the Pooh da Walt Disney

As corujas, assim como outras aves são usualmente classificadas por ornitólogos como aves de rapina, por alimentarem-se de outros animais além de apresentarem bicos e patas especialmente adaptados para a caça. As corujas, pertencentes a ordem Strigiforme,  são ainda divididas em rapinantes noturnos, assim como os mochos, as suindaras, entre outros.
A relação entre o homem e os rapinantes pode ser considerada paradoxal, pois por diversas civilizações antigas foram consideradas como símbolos de veneração religiosa ou poder, essas mesmas aves têm sido impiedosamente perseguidas nos últimos séculos como predadoras de animais domésticos. No entanto, o progressivo conhecimento sobre a biologia desses animais vem demonstrando sua verdadeira importância ecológica no controle de vários insetos, aves e roedores considerados pestes na agricultura ou reservatórios de zoonoses, revelando os benefícios que a conservação dessas espécies pode gerar ao homem. Ainda assim, inúmeras ameaças pairam sobre as aves de rapina no Brasil, assim como no mundo inteiro, sendo a maior delas a degradação e destruição do habitat, seguida pela contaminação ambiental por pesticidas e outro poluentes (metais pesados e compostos bifenólicos), destruição de corredores de migração, envenenamento intencional e tráfico internacional de animais selvagens.
Conhecido por sua impressionante extensão territorial e biodiversidade, o Brasil abriga quase 1.800 espécies de aves, segundo cálculos recentes do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2006). Entre as espécies da ordem Strigiformes, a família Tytonidae possui apenas uma representante na América do Sul, a suindara (Tyto alba), que se caracteriza pela presença de um disco facial em forma de coração, estrutura delgada e coloração ventral branca. Paralelamente, a família Strigidae compreende 49 espécies no continente, das quais 19 encontram-se em território brasileiro. Algumas particularidades que separam as suindaras da família Strigidae são a estrutura da siringe (membrana localizada no aparelho respiratório, responsável pela produção e emissão de sons) e a posição das pernas.
Ao contrário da crença-popular, na ordem Strigiformes raras são as espécies de hábitos essencialmente noturnos, sendo a maioria das corujas de atividade crepuscular. No entanto, a coruja buraqueira (Speotyto cunicularia) e o mocho dos banhados (Asio flammeous) são considerados diurnos, enquanto algumas aves do gênero Glaucidium apresentam hábitos diurnos até certo ponto.
Se considerarmos a presente lista de fauna ameaçada de extinção no Brasil, perceberemos que quatro de nossas aves já foram extintas na natureza. Duas delas, que também ocorriam em outros países, nunca mais poderão ser vistas em seus ambientes naturais; ninguém mais poderá apreciar seu colorido, seu canto ou seu voo e, pior, suas interações com outras espécies de animais e plantas também desapareceram por completo. Estas aves que desapareceram nos mostram em quê e como erramos no passado e, claro, são a mais pura tradução do que irá acontecer com a nossa biodiversidade se o processo de destruição da natureza prosseguir nos níveis e velocidade atuais.
Por fim, leitores do blog É o Bicho, desejamos um bom início de atividades e que saibamos agir sempre com grande sabedoria, seja no trabalho ou com relação aos animais silvestres!

Por: Thaís Hipolito

MACHADO, A.B.M., DRUMMOND, G.M., PAGLIA, A.P. (org) Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Vols 1 e 2. Brasília: MMA, 2008.
CUBAS,  Z.S., SILVA,  J.C.R. & Cartão-Dias J.L. (ed.) Tratado de Animais Selvagens - Medicina Veterinaria. Editora Roca, São Paulo.
São Paulo (estado). Polícia Militar do Estado de São Paulo. Comando de Policiamento Ambiental do Estado de São Paulo.