quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A Onça-pintada já pintou por aqui!

   Quem nunca sonhou em ter um felídeo selvagem de estimação, no quintal de casa? Ou então, as mulheres mais vaidosas, que sempre sonharam em ter uma bolsa, casaco ou outros acessórios feitos da pele desses animais? Ou ainda, os caçadores, quantos deles não sonharam em ter o couro desses animais expostos como troféu?
   Pois é, infelizmente algumas dessas ações humanas acabaram levando alguns desses animais a extinção em determinados estados ou regiões. Atualmente, a maior causa do declínio da população de felídeos selvagens na natureza é a distribuição e a fragmentação do seu habitat em consequencia do desenvolvimento agrícola e pecuário, da exploração da madeira e mineração, das construções de represas e hidrelétricas; além do tráfico ilegal e da perseguição direta em forma de caça e abate.
   É nessa situação que se encontra a onça-pintada, Panthera onca, segundo a IUCN esta espécie de felídeo está próxima da extinção. E a tendência populacional, ainda segundo a IUCN, está em declínio.
   A onça-pintada é um animal territorialista, de hábitos solitários e terrestres, sendo observada principalmente no período noturno. Pertencente a Família Felidae na Ordem Carnivora, alimenta-se portanto de mamíferos de grande e médio porte, répteis e peixes. Originalmente ocorria por todo o Brasil, estando atualmente restrita a algumas regiões. Habita áreas de vegetação densa, com suprimento de água abundante e presas em quantidade suficiente, incluindo florestas tropicais e subtropicais, cerrado, caatinga, pantanal e manguezal. 
   Observe abaixo a área de ocorrência de Panthera onca.
Fonte: IUCN

   No estado de Santa Catarina essa espécie de felídeo silvestre não é registrado desde a década de 80. Um dos últimos registros fiéis desta espécie data de 29/I/1972 no município de Urubici, conforme foto abaixo (Foto 1). Este macho adulto foi morto por um caçador do município após uma noite inteira de espreita, nesta data o animal foi exposto como troféu para toda a comunidade. Morto com um tiro no coração, o animal media 2,05 metros de comprimento total e pesava 84 kg. Através da foto pode-se observar que o animal desferiu uma patada no rosto do caçador, deixando-o com uma cicatriz para o resto da vida. Atualmente este animal encontra-se em exposição no Museu do Homem do Sambaqui, localizado no Colégio Catarinense, no município de Florianópolis (Foto 2 e 3).

Foto 1: Orquiso Fotografias Urubici/SC
Foto 2: Arquivo do NUPAS
 Foto 3: Arquivo do NUPAS

Fonte:
Cubas Z.S., Silva J.C.R. & Catão-Dias J.L. (ed.), Tratado de Animais Selvagens - Medicina Veterinária. Editora Roca, São Paulo.

IUCN Red List

Por: Thaís Hipolito e Vilmar Picinatto Filho


sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Bicho da semana

   Procyon cancrivorus  é o escolhido da semana, mais conhecido como mão-pelada, este animal é extremamente adaptável e oportunista, habitando desde florestas densas, brejos e manguezais até áreas degradadas e periferias urbanas. O mão-pelada é um animal de hábitos noturnos e se alimenta de peixes, crustáceos, moluscos, insetos, anfíbios e frutos. Pode pesar entre 2,5 e 10 kg e medir até 100 cm de comprimento, caracterizando um animal de porte médio, possui uma cauda longa ornada de largos anéis escuros e amarelados. Veja abaixo o vídeo de dois indivíduos da espécie Mão-pelada se abrigando da chuva, este vídeo compõem o arquivo do NUPAS
 
 
Espécie: Procyon cancrivorus
Local: Fazenda Santo Antônio (Klabin) - Rio Rufino/SC
Projeto: Avaliação da conectividade entre áreas silvestres através do diagnóstico de mamíferos de grande e médio porte (Convênio Técnico-científico entre UDESC E KLABIN pelo Sétimo Termo Aditivo)

Fonte:
Cubas Z.S., Silva J.C.R. & Catão-Dias J.L. (ed.), Tratado de Animais Selvagens - Medicina Veterinária. Editora Roca, São Paulo.

São Paulo (estado). Polícia Militar do Estado de São paulo. Comando de Policiamento Ambiental do Estado de São Paulo.


Por: Thaís Hipolito







 
 

sábado, 18 de agosto de 2012

Pensando bem...

  Queridos leitores, vamos inaugurar as atualizações de final de semana com o "pé direito" e que as imagens abaixo sirvam para uma reflexão pessoal sobre suas atitudes para com o meio ambiente. O NUPAS realiza projetos de educação ambiental, os quais instruem a comunidade no geral a preservar o nosso habitat e dos animais silvestres de uma maneira sustentável a ambos os lados.








   Vamos todos cuidar do nosso planeta! Bom final de semana a todos!

Por: Thaís Hipolito


quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Nem tudo que parece é!

   Nesta época do ano é comum observar reportagens na mídia (jornal e televisão) sobre o aparecimento de animais silvestres marinhos, como focas, pinguins, baleias, lobos-marinhos, entre outros, na costa brasileira, principalmente na Região Sul. Porém com o interesse voltado para a interferência humana nesse processo de aparecimento de animais debilitados ou mortos, acabam não dando ênfase nos próprios indivíduos marinhos.Portanto, para esclarecer maiores dúvidas e alguns erros, o NUPAS transmite seus conhecimentos sobre os Pinípedes.
   A subordem Pinnipedia pertence à Ordem Carnivora e inclui mais de 30 espécies, divididas em três famílias: Família Odobenidae, Otariidae e Phocidae. Dentre as quais somente sete espécies já foram registradas em território brasileiro, desde a região sul até a nordeste, segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis através do Plano de Ação Versão II - Mamíferos Aquáticos do Brasil de 2001, indicando ainda que não há presença de colônias reprodutivas no Brasil, sendo a maioria dos registros representados por indivíduos machos e jovens adultos.
   São carnívoros aquáticos encontrados desde os pólos até os trópicos, podendo ser visualizados no Brasil principalmente no período de inverno e primavera. Seu habitat é principalmente marinho, tendo como característica unificadora dos Pinípedes a longa permanência na água, com períodos em mar aberto para alimentação. Porém em algum momento precisam retornar a um substrato sólido (terra ou gelo) para reproduzir-se, mudar a pelagem ou descansar. No geral, são animais de grande porte, com o corpo alongado coberto de pelos e com uma espessa camada de tecido adiposo subcutâneo, o que os mantém protegidos das baixas temperaturas. Seu organismo é adaptado ao ambiente marinho e ao mergulho, permanece em apnéia, bradicardia, seus músculos são ricos em mioglobina e ainda possuem grande capacidade de armazenamento sanguíneo, desviando o sangue para os órgãos vitais (cérebro e coração), o que lhes conferem a habilidade de passar longos períodos embaixo d’água em concentrações diminuídas de oxigênio.
Foto: Apostila do Curso de Oceanografia da UNIVALI do Profº Andre Barreto

   Estes animais se alimentam principalmente de peixes, alimento rico em proteínas, vitaminas e minerais. E não... eles não ingerem água salgada! Sua obtenção de água se dá através do alimento, são raríssimos os momentos de ingestão voluntária de água salgada, essa necessidade é suprida pelo alto teor de água presente no peixe e também pela combustão de gorduras do mesmo. Por isso é comum observar em recintos de reabilitação a presença de um recipiente com água doce.
   A Família Odobenidae, que possui como principal representante as morsas, não foi registrada no Brasil. A Família Otariidae possui os representantes popularmente conhecidos como lobos e leões-marinhos. E a Família Phocidae inclui as focas em geral, inclusive os elefantes-marinhos.
   Os Focídeos possuem o corpo fusiforme e arredondado, pescoço curto e volumoso e não possuem pavilhões auriculares. As unhas estão localizadas nas pequenas nadadeiras anteriores. Deslocam-se em terra arqueando seus corpos, pois possuem as nadadeiras anteriores curtas, impossibilitando de usarem-na como apoio. Os machos possuem os testículos intra-abdominais. Um dos representantes registrados em território brasileiro é a Mirounga leonina popularmente conhecida como elefante-marinho-do-sul, seu habitat é em praias arenosas e de seixo rolados, o macho pode pesar até 5.000 kg. Hydrurga leotonyx, ou chamada popularmente de foca-leopardo, possui os blocos de gelo flutuantes como habitat e a fêmea desta espécie pode pesar até 590 kg. E a popularmente conhecida como foca-caranguejeira, Lobodon carcinophagus, também possui seu habitat em blocos de gelo flutuantes e seus representantes podem pesar até 230 kg, é o pinípede mais abundante do mundo. Todos os focídeos registrados na costa brasileira são listados pela IUCN como animais de baixo risco de extinção.

Foto: Fundação Jardim Zoológico de Niterói

  Os Otarídeos são animais mais delgados, possuem pescoço longo, pavilhões auriculares pequenos proeminente, possuem as nadadeiras anteriores alongadas e unhas rudimentares, e os membros posteriores alojam as unhas com desenvolvimento normal. Em terra deslocam-se com relativa rapidez e agilidade sobre os quatro membros. Possuem quatro representantes já registrados na costa brasileira, entre eles está a Otaria byronia (ou O. flavescens), na qual o macho pode pesar até cerca de 350 kg e a fêmea 140 kg, são popularmente conhecidos como Leão-marinho-do-sul, podem atingir até 280 cm de comprimento e são encontrados em praias arenosas e de seixos rolados ou costões rochosos. Outro representante é o Lobo-marinho-do-sul, Arctocephalus australis, que possui seu habitat principalmente em costões rochosos, em que o macho pode pesar até 200 kg e a fêmea apenas 50 kg. Artocephalus tropicalis ou também conhecido como Lobo-marinho-subantártico o macho pode pesar até 160 kg e medir 200 cm de comprimento, já a fêmea mede até 140 cm de comprimento e pode pesar no máximo 50 kg, são encontrados também em costões rochosos. E o Lobo-marinho-antártico, Artocephalus gazella, aonde a fêmea pode pesar até 40 kg e o macho 200 kg, seu habitat principal são as praias de seixos rolados e costões rochosos. Segundo a IUCN todos os otarídeos registrados no Brasil possuem baixo risco de extinção.

Foto: Zoológico de São Paulo

   E então caro leitor, nem tudo que parece é, não? Os focídeos e otarídeos são muito parecidos sim, mas são totalmente diferentes para os leitores do blog É o Bicho a partir de hoje! Portanto, ao observar, ler e assistir sobre os Pinipedes não deixe que falsas informações sejam transmitidas, informe você o seu conhecimento que o NUPAS ajudou a construir!

Por: Thaís Hipolito

Fonte:


Cubas Z.S., Silva J.C.R. & Catão-Dias J.L. (ed.), Tratado de Animais Selvagens - Medicina Veterinária. Editora Roca, São Paulo.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

O animal mais barulhento

   Da Ordem dos Primatas, o Alouatta guariba, popularmente conhecido como bugio, ou guariba (da língua tupi-guarani, onde “guár – ayba” quer dizer individuo feio e ruim), é o animal mais barulhento encontrado na fauna silvestre catarinense. O seu osso hióide (com localização caudal à língua e cranial à laringe) funciona como uma caixa de ressonância, auxiliando em suas vocalizações.
   São corpulentos e ágeis, com uma cauda que apresenta musculatura desenvolvida, que contribui para o bugio se pendurar nas árvores, ou até mesmo, segurar objetos. Alimentam-se de brotos, folhas novas, flores, frutos e sementes (principalmente da araucária).
   Vivem em bandos de 4 a 12 animais de diversas idades e sexos, guiados por um macho alfa, geralmente o mais velho do bando,  chamado de "capelão". O mesmo se responsabiliza pela vigilância, em ocasião de perigo iminente o macho alfa emite sons característicos para que todos do bando consigam fugir. Caso o "capelão" descuidar da vigília, o mesmo é castigado.
   As mães são extremamente cuidadosas e carinhosas com seus filhos, carregando-os no colo ou em suas costas. Caso necessitem saltar grandes distâncias, um dos adultos atravessa e utilizando os membros fixa-se como uma ponte, para que por cima deste todos passem.
   São animais quietos, preguiçosos e mansos. Possuem hábito diurno, e as horas de maior movimento são observadas nos períodos matutinos e crepuscular. Uma curiosidade sobre estes animais é que quando está para chover, todos juntos se põem a vocalizar no topo de uma grande árvore, surgindo então um ditado popular associado à vocalização do bugio: “Guariba na serra, chuva na terra”.
    Em algumas ocasiões sua voz pode ser escutada a 5 km de distância, sendo capazes de informar sua própria posição aos grupos mais próximos, permitindo também demarcar seu território. Seu ronco (popularmente chamado) pode ser escutado a qualquer hora do dia, especialmente no período da manhã ou fim da tarde (maior movimentação). O Bugio é encontrado em todo o Estado de Santa Catarina, porém ocorre desde a região costeira da Bahia até o Rio Grande do Sul. 
 Por: Daiane Dall'Agnol
Fontes:

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

A resposta é ...

   Após muitas tentativas e quase acertos, infelizmente leitores não houve nenhum ganhador da nossa promoção! Como resultado da avaliação que o NUPAS realizou através dessa promoção, o mesmo encontra-se engrandecido e lisonjeado pelas proporções que o blog É o Bicho tem tomado. Hoje o blog tomou proporções muito maiores do que o imaginado, recebemos e-mails de leitores de quase todas as regiões brasileiras. Portanto, agradecemos a você leitor por fazer parte desse projeto e acreditar na veracidade de nossas informações, sendo visto que a internet é um meio com muitas informações falsas. Por fim, gostariamos de deixar novamente nosso contato para que possamos interagir, esclarecendo dúvidas e postando algo de interesse do leitor, o nosso endereço de correio eletrônico é: nupasudesc@gmail.com .
   E a resposta? Pseudalopex gymnocercus, ou conhecido popularmente como Graxaim-do-campo. Esta espécie está classificada, segundo a IUCN, com risco de ameaça pouco preocupante. É um animal nativo do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai encontrado em áreas de campo nativo. Alimenta-se de pequenos roedores, répteis e frutos, estando ativo em todas as horas do dia.

Foto: Arquivo do NUPAS.

Por: Thaís Hipolito e Vilmar Picinatto Filho