Nesta
época do ano é comum observar reportagens na mídia (jornal e televisão) sobre o
aparecimento de animais silvestres marinhos, como focas, pinguins, baleias,
lobos-marinhos, entre outros, na costa brasileira, principalmente na Região
Sul. Porém com o interesse voltado para a interferência humana nesse processo de
aparecimento de animais debilitados ou mortos, acabam não dando ênfase nos
próprios indivíduos marinhos.Portanto, para esclarecer maiores dúvidas e alguns
erros, o NUPAS transmite seus conhecimentos sobre os Pinípedes.
A
subordem Pinnipedia pertence à Ordem Carnivora e inclui mais de 30 espécies,
divididas em três famílias: Família Odobenidae, Otariidae e Phocidae.
Dentre as quais somente sete espécies já foram registradas em território
brasileiro, desde a região sul até a nordeste, segundo o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis através do Plano de Ação Versão II
- Mamíferos Aquáticos do Brasil de 2001, indicando ainda que não há presença de colônias
reprodutivas no Brasil, sendo a maioria dos registros representados por indivíduos machos e jovens
adultos.
São
carnívoros aquáticos encontrados desde os pólos até os trópicos, podendo ser
visualizados no Brasil principalmente no período de inverno e primavera. Seu
habitat é principalmente marinho, tendo como característica unificadora dos
Pinípedes a longa permanência na água, com períodos em mar aberto para
alimentação. Porém em algum momento precisam retornar a um substrato sólido
(terra ou gelo) para reproduzir-se, mudar a pelagem ou descansar. No geral, são
animais de grande porte, com o corpo alongado coberto de pelos e com uma
espessa camada de tecido adiposo subcutâneo, o que os mantém protegidos das
baixas temperaturas. Seu organismo é adaptado ao ambiente marinho e ao mergulho, permanece em
apnéia, bradicardia, seus músculos são ricos em mioglobina e ainda possuem grande
capacidade de armazenamento sanguíneo, desviando o sangue para os órgãos vitais
(cérebro e coração), o que lhes conferem a habilidade de passar longos períodos
embaixo d’água em concentrações diminuídas de oxigênio.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFn-q_hG814vWqak_KtZeNDw2Y5HkGQCU3l-MVxEWHTcECDh0IZvnkhHp3Nqfhw7Ol7tg1oryiX1znTogAgdut07KbuZcrcb4sOO2hvzJfpOzVTNV44vLEfTVGtJypNvPRyDuBvX9Y6D55/s400/Pin%C3%ADpede.png)
Foto: Apostila do Curso de Oceanografia da UNIVALI do Profº Andre Barreto
Estes
animais se alimentam principalmente de peixes, alimento rico em proteínas,
vitaminas e minerais. E não... eles não ingerem água salgada! Sua obtenção de
água se dá através do alimento, são raríssimos os momentos de ingestão
voluntária de água salgada, essa necessidade é suprida pelo alto teor de água
presente no peixe e também pela combustão de gorduras do mesmo. Por isso é
comum observar em recintos de reabilitação a presença de um recipiente com água
doce.
A
Família Odobenidae, que possui como
principal representante as morsas, não foi registrada no Brasil. A Família Otariidae possui os representantes
popularmente conhecidos como lobos e leões-marinhos. E a Família Phocidae inclui as focas em geral,
inclusive os elefantes-marinhos.
Os
Focídeos possuem o corpo fusiforme e arredondado, pescoço curto e volumoso e não
possuem pavilhões auriculares. As unhas estão localizadas nas pequenas nadadeiras
anteriores. Deslocam-se em terra arqueando seus corpos, pois possuem as
nadadeiras anteriores curtas, impossibilitando de usarem-na como apoio. Os
machos possuem os testículos intra-abdominais. Um dos representantes registrados em
território brasileiro é a Mirounga leonina
popularmente conhecida como elefante-marinho-do-sul, seu habitat é em praias
arenosas e de seixo rolados, o macho pode pesar até 5.000 kg. Hydrurga leotonyx, ou chamada
popularmente de foca-leopardo, possui os blocos de gelo flutuantes como habitat e
a fêmea desta espécie pode pesar até 590 kg. E a popularmente conhecida como
foca-caranguejeira, Lobodon carcinophagus,
também possui seu habitat em blocos de gelo flutuantes e seus representantes
podem pesar até 230 kg, é o pinípede mais abundante do mundo. Todos os focídeos registrados na costa brasileira são listados pela IUCN como animais de baixo risco de extinção.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAMGxFzHO2ya2JV9LSk8HVWRn0QzyNmovVUs6vvnO2L1c8-Gl6m1i0fQtYe4NrwK8rlpR0UWSK3-sFnHUXYnCfgHCDN6vzKjUaAnzguxvgQ1d_gDDJQtcnepi3NVPU873tQe1SZQ3Q8KdL/s320/foca+leopardo_funda%C3%A7%C3%A3ojardimzooniter%C3%B3i.png)
Foto: Fundação Jardim Zoológico de Niterói
Os
Otarídeos são animais mais delgados, possuem pescoço longo, pavilhões
auriculares pequenos proeminente, possuem as nadadeiras anteriores alongadas e
unhas rudimentares, e os membros posteriores alojam as unhas com desenvolvimento normal. Em terra deslocam-se com relativa
rapidez e agilidade sobre os quatro membros. Possuem quatro representantes já
registrados na costa brasileira, entre eles está a Otaria byronia (ou O.
flavescens), na qual o macho pode pesar até cerca de 350 kg e a fêmea 140 kg, são popularmente conhecidos como
Leão-marinho-do-sul, podem atingir até 280 cm de comprimento e são encontrados
em praias arenosas e de seixos rolados ou costões rochosos. Outro representante
é o Lobo-marinho-do-sul, Arctocephalus
australis, que possui seu habitat principalmente em costões rochosos, em
que o macho pode pesar até 200 kg e a fêmea apenas 50 kg. Artocephalus tropicalis ou também conhecido como Lobo-marinho-subantártico
o macho pode pesar até 160 kg e medir 200 cm de comprimento, já a fêmea mede
até 140 cm de comprimento e pode pesar no máximo 50 kg, são encontrados também
em costões rochosos. E o Lobo-marinho-antártico, Artocephalus gazella, aonde a fêmea pode pesar até 40 kg e o macho
200 kg, seu habitat principal são as praias de seixos rolados e costões
rochosos. Segundo a IUCN todos os otarídeos registrados no Brasil possuem baixo risco de extinção.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsv_Qn5miex_nOg1QRGErOWD2Zzv91rn_8zju2Y0IFpFZ7oaktQZfNGWD1zXrym4Pgw5vH4kaaUMKBgcxw2YEJ5sX5790NEwd5QlBLojqANMXEjC5h6Uamx7Gj77bnNCSKsNK9H04bPJZM/s320/leao+marinho_zoos%C3%A3opaulo.jpg)
Foto: Zoológico de São Paulo
E então caro leitor, nem tudo que parece é, não? Os focídeos e otarídeos são muito parecidos sim, mas são totalmente diferentes para os leitores do blog É o Bicho a partir de hoje! Portanto, ao observar, ler e assistir sobre os Pinipedes não deixe que falsas informações sejam transmitidas, informe você o seu conhecimento que o NUPAS ajudou a construir!
Por: Thaís Hipolito
Fonte:
Cubas Z.S., Silva J.C.R. & Catão-Dias
J.L. (ed.), Tratado de Animais Selvagens - Medicina Veterinária. Editora Roca,
São Paulo.