sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Bicho da Semana

   A Suçuarana (Puma concolor) é conhecida popularmente também por Leão Baio, Onça parda e Puma, é um felino de porte grande (medindo de 90 a 150 centímetros de comprimento) que pode chegar a pesar 60 quilos. Este mamífero é conhecido por ser uma espécie muito adaptável e generalista, ocorrendo em diferentes habitats e regiões. Devido a essas diversidades, pode apresentar uma pelagem conforme o local de ocorrência, com pelos curtos em locais quentes e pelos longos em climas frios. Além disso, apresenta uma variação na sua coloração, indo desde o marrom avermelhado escuro ao marrom acinzentado claro.
   Assim como a maioria dos felinos, suas garras são retráteis e afiadas, na região palmar possuem almofadas que permitem com que se movam sem fazer barulho. As patas e garras dos membros anteriores são adaptadas para agarrar suas presas. Já os membros posteriores são extremamente fortes e providos de grandes patas, o que lhes permitem dar saltos e atingir alta velocidade em curto período.

Fonte: ICMBio

   Sua alimentação é unicamente carnívora, na qual suas principais presas são o Cateto, a Capivara, o Tatu, a Cutia, a Paca, entre outros mamíferos de porte médio. Possuem um comportamento arrítmico no uso do tempo, incluindo caça e deslocamento. O Puma, assim como outros felídeos, ao se alimentar da presa costuma ingerir primeiramente o fígado, por possuir uma grande reserva energética, suprindo dessa forma sua necessidade diária.
   Atualmente, no Parque Nacional Serra do Itajaí, localizado no município de Blumenau, o Projeto Carnívoros, com o apoio da Polícia Militar Ambiental, vem realizando um monitoramento dos Pumas da região. Este monitoramento tem como principal objetivo a preservação da espécie, e é realizado com colares de GPS que indicam a localização do animal através de satélites. Outros intuitos do projeto são: estimar a população de Leões-Baios, a elaboração de mapas de distribuição e movimentação, analisar a composição da sua dieta e sensibilizar a comunidade sobre a importância desse felino no equilíbrio ecológico. Segundo o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Biodiversidade), a Suçuarana encontra-se ameaçada de extinção na categoria Vulnerável para o Brasil, assim como a maioria dos animais, esse fato se deve a ação antrópica, na qual se enquadra a caça indiscriminada, o desmatamento, a poluição e a fragmentação de seu habitat.

Por: Fernanda Cabreira e Thaís Hipolito

Fonte:
http://ambientes.ambientebrasil.com.br/fauna/mamiferos/onca-parda_ou_sussuarana_%28felis_concolor%29.html
http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/nossa-terra/2013/noticia/2013/09/leoes-baios-sao-monitorados-satelite-em-parque-do-vale-do-itajai.html

domingo, 22 de setembro de 2013

A árvore e sua importância

   No dia 21 de Setembro é comemorado o Dia da Árvore, e foi instituída no ano de 1965, pelo então presidente Castelo Branco. Esta data se deve, principalmente, a chegada da primavera, e tem como objetivo ressaltar a importância das árvores.
   A árvore sempre esteve presente na história do povo brasileiro, na época de Brasil Colônia a atividade econômica que predominava era a extração/exploração de Pau Brasil (Caesalpinia echinata Lam.). Inclusive, muitos historiadores confirmam que o nome desta árvore originou o nome do nosso país. Atualmente, a árvore é a matéria prima de diversos setores econômicos brasileiros. Além disso, esta também tem grande destaque na alimentação, seja ela humana ou animal.

   O NUPAS através de suas pesquisas relata a você algumas inter-relações entre as árvores e os animais silvestres:
  • Muitas aves fazem seus ninhos nos seus galhos e troncos ocos;
  • Os frutos e folhas servem de alimentos para diversos animais;
  • São utilizadas como abrigo noturno e como refúgio de predadores;
  • Muitas espécies da fauna realizam serviços ecológicos de polinização das flores e dispersão das sementes;
  • Permitem a camuflagem de animais nos seus troncos e a garantia da sobrevivência;
  • Alguns animais vivem sobre elas a maior parte de suas vidas, precisando diariamente dos seus recursos;
  • Abrigam muitas espécies de epífitas, como as bromélias, que são a casa de algumas espécies de anfíbios;
  • Mantém o clima ameno e protegem da radiação solar;
  • Auxiliam na proteção do solo e manutenção dos mananciais.

"Se eu soubesse que o mundo acabaria amanhã, hoje plantaria uma árvore." Martinho Lutero

Por: Thaís Hipolito e Vilmar Picinatto Filho

domingo, 15 de setembro de 2013

Bicho da Semana

   O Veado-Catingueiro (Mazama gouazoubira) é um ruminante silvestre, tendo como característica diferenciativa um tufo na testa de pelos escuros. Além disso, os chifres no macho também são característicos, suas galhadas são simples e sem ramificações, podendo chegar até 12 centímetro de comprimento e tendo uma média de 20 anos de vida. As fêmeas não possuem chifre, apenas uma elevação na testa, seus pelos são mais claros que os do macho. A maioria dos indivíduos apresenta uma pinta branca acima dos olhos, que não é encontrada nas outras espécies. O animal adulto pode medir acima de um metro e pesar vinte quilos. Particularmente é um dos silvestres mais bonitos a serem encontrados.


   São animais de vida solitária que somente na época de acasalamento se reúnem. O macho costuma andar sozinho e a fêmea normalmente está com um filhote. Geralmente, dois machos disputam uma fêmea, utilizando seus chifres para ferir seu oponente. Depois de sete meses de gestação, a fêmea dá a luz a apenas um filhote que pesa cerca de 500 gramas, com manchas brancas pelo corpo, o que lhe é muito particular, elas tem como principal função a camuflagem.


   Sua dieta é rigidamente vegetariana, alimentam-se de brotos, folhas, frutos e flores. Quando se sente ameaçado tende a correr muito rápido e pode também pular na água, sendo um bom nadador.
   Seu habitat são as matas densas nas margens de rios, pode ser encontrado também em campos abertos onde existem matas próximas. É um animal de hábito diurno, porém pode realizar saídas noturnas. Seus predadores naturais são o Puma (Puma concolor) e a Jaguatirica (Leopardus pardalis). As principais causas que podem estar levando o Veado-Catingueiro rumo à extinção são a caça e a destruição do seu habitat.

Por: Fernanda Cabreira e Letícia Freitas

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Que nossa fauna entre no mundo da imaginação

Quando criança sempre acreditei em Papai Noel, nos seus Ajudantes, na Fada do Dente e no Homem do Saco. Era um mundo de imaginações que às vezes, confesso, me bate uma saudade. Quem nunca ficou sonhando com o coelhinho de pelos brancos e olhos vermelhos que traz aqueles ovos deliciosos? Hoje em dia, me pergunto quem será esse coelho? Será que ele realmente existe? Ou será que não estava me confundindo e trocando coelho por lebre ou lebre por tapiti?


Todos eles pertencem à ordem Lagomorpha, portanto, vamos distingui-los rapidamente: os coelhos são domésticos e as lebres e os tapitis são silvestres. Como já comentamos em uma atualização passada (Exímios Invasores - http://bicharadasilvestre.blogspot.com.br/2012/09/eximios-invasores_330.html), a lebre (Lepus europaeus) é um animal exótico no Brasil, que foi introduzido há muitos anos atrás. Já o tapiti (Sylvilagus brasiliensis) é um animal nativo brasileiro. No entanto, qual a diferença da lebre para o tapiti?
O tapiti é um mamífero leporídeo que ocorre em todas as regiões brasileiras, habitando matas tropicais, bordas de matas e áreas de pastagens. Apresenta uma coloração parda- amarelada, sendo mais escura no dorso e mais clara ventralmente. Os tapitis podem medir entre 20 e 40 cm de comprimento e pesar entre 500g e 1,5kg. Estes animais são considerados herbívoros, alimentando-se principalmente de cascas, brotos e talos de muitos vegetais.  Sendo caracterizado como um animal de hábitos noturnos que durante o dia se esconde em tocas ou debaixo das touceiras de ervas.

www.ecoloja.com.br

Apesar de muito parecidos com as lebres eles são muito menores do que elas, com orelhas pequenas, estreitas e cauda muito reduzida. Além disso, um fato preocupante para os tapitis é que ambos apresentam a mesma dieta alimentar. A lebre consome mais alimento e possui uma maior adaptabilidade da dieta, sendo um animal generalista. Por conseguinte, acaba ocorrendo uma competição entre espécies e na maioria das vezes o Tapiti perde.
As lebres são muito mais adaptáveis a condições impostas pelo ser humano, como a transformações de florestas em campos e áreas de lavoura, sendo considerada em alguns casos uma praga.
Não estou pedindo que deixem de contar pras crianças sobre o coelho da páscoa, jamais. Mas por que não contar sobre o tapiti?

Por: Thaís Hipolito
Fonte:
www.iucnredlist.org

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

As tartarugas marinhas

            As tartarugas marinhas existem a mais de 150 milhões de anos, são répteis que tiveram origem na terra, porém com sua adaptação evolutiva acabou se acomodando ao meio marinho. Você sabia que no grupo dos répteis só as espécies de tartarugas que estão situadas aqui no litoral de Santa Catarina podemos encontrar espécies que estão criticamente ameaçadas? Além das que estão em perigo e as que são vulneráveis.
            Na costa brasileira cinco espécies de tartarugas são encontradas, todas estão em ameaça de extinção, sendo elas a:
  • Tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) –  Estado: Criticamente ameaçados
  • Tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) – Estado: Criticamente ameaçados
  • Tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) – Estado: Em perigo
  • Tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) – Estado: Em perigo
  • Tartaruga-verde (Chelonia mydas) – Estado: Vulnerável

O processo de extinção é um evento natural, ou seja, espécies surgem por meio de eventos de especiação como, por exemplo, longo isolamento geográfico, seguido de diferenciação genética e desaparece devido a eventos de extinção como catástrofes naturais, surgimento de competidores mais eficientes. Mas é um processo extremamente lento, temos como exemplo a extinção dos dinossauros, ocorrida naturalmente há milhões de anos e ao que tudo indica devido a alterações climáticas na queda de um grande meteorito. Enfim, o problema é que esse processo de extinção vem sendo acelerado cada dia mais e o agente dessa atividade somos nós humanos.  Acabamos interferindo nesse processo natural de extinção como por meio de destruições de habitats, exploração dos recursos naturais e entre outros.
Desde o nascimento até atingir a maturidade as tartarugas sofrem inúmeras barreiras para sua sobrevivência, segundo pesquisas de cada mil filhotes que nascem somente um ou dois conseguem atingir a maturidade, ou seja, o índice de extinção é muito preocupante. Esses obstáculos podem se levar pela poluição dos oceanos, aquecimento global, e principalmente a pesca incidental onde elas ficam presas nos diversos tipos de redes e anzóis, não conseguem subir a superfície para respirar e acabam morrendo.
Outro fator importante é uma doença chamada fibropapilomatose, caracterizada por apresentar tumores de pele que podem também afetar os órgãos internos. A espécie que mais sofre com a doença é a das tartarugas verdes (Chelonia mydas). Esses tumores são benignos mas acabam prejudicando-as em sua alimentação e seu deslocamento, às vezes causando a morte. Ocorre frequentemente em locais poluídos, em áreas conservadas raramente há registros de casos. A poluição é o fator pelo qual o homem está contribuindo para a intensificação desta doença.

(Tartaruga-de-pente que se está criticamente ameaçada.)

Motivados com esses problemas foi criado o projeto TAMAR que é patrocinado pela Petrobrás, situado em Florianópolis onde, prioriza pesquisas avançadas que resolvam aspectos práticos para a conservação destes animais. Realizam monitoramento tanto nas áreas de alimentação quanto nas de reprodução é feita uma marcação todos recebem um anel de metal nas nadadeiras dianteiras para identificação e estudo do seu deslocamento, hábitos comportamentais e dados sobre crescimento e taxa de sobrevivência.
Segundo o projeto TAMAR é necessário “primeiro cuidar das pessoas, para que elas tenham condições de proteger a natureza, o mar e as tartarugas marinhas”. Afim disso investem na inclusão social, principalmente as populações locais que podem influir diretamente nas condições de habitat das tartarugas. Cada vez mais se fala em conservar a biodiversidade, é um dever de todos amenizarem o sofrimento e a extinção de muitas espécies, ajude a mantê-las em nosso meio!!

Por: Fernanda Cabreira e Letícia Freitas

Fonte: lista das espécies da fauna ameaçada de extinção em Santa Catarina


quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Nossas ilustres visitantes

   Eubalaena australis é o nome científico do mamífero conhecido popularmente como Baleia Franca. Classificada na Ordem dos Cetáceos, as Baleias Francas são animais marinhos de grande porte, chegando a medir mais de dezessete metros de comprimento. Segundo registros de captura, as fêmeas adultas podem pesar mais de 60 toneladas, já os machos mais de 45 toneladas. Este animal apresenta coloração negra com manchas brancas irregulares na região ventral, e possui o corpo arredondado.
   Uma característica significativa desta espécie é a presença de calosidades ou "verrugas" na região dorsal e lateral da cabeça. As baleias já nascem com as calosidades, que se apresentam mais macias e com o passar do tempo vão se tornando mais firmes; porém, estas não modificam significativamente o seu tamanho e forma, o que permite sua utilização para identificação individual. Estas verrugas apresentam coloração acinzentada ou branco-amarelada, variando conforme a presença dos ciamídeos - as colorações são: Cyamus ovalis branco, C. erraticus alaranjado, C. gracilis amarelado - crustáceos que colonizam as calosidades logo após o nascimento da baleia.

   Outra peculiaridade da Baleia Franca é o seu "esguicho" em formato de "V", este é resultado do ar expelido rapidamente durante a respiração e do pequeno acúmulo de água na depressão dos orifícios respiratórios quando o animal vem à superfície para respirar.
   Segundo a Resolução nº 002, de 06 de Dezembro de 2011, do Conselho Estadual do Meio Ambiente (CONSEMA) de Santa Catarina, a Baleia Franca encontra-se ameaçada de extinção na categoria vulnerável. A E. australis  encontra-se nesta categoria de extinção pois durante os séculos XVIII e XIX as baleias eram alvos dos chamados baleeiros. À procura, principalmente, da camada de gordura espessa para a produção de óleo - muito requisitado na época -, os pescadores viam nas baleias um alvo grande e fácil de ser capturado. Já no séculos XX foram impostos limites para a caça das baleias, mas o que não impediu que clandestinamente cerca de 350 animais (segundo registros históricos) fossem abatidos durante as décadas de 50 e 70.

   Portanto, com o intuito de proteção, conservação e pesquisa à Baleia Franca, fundou-se o Projeto Baleia Franca, com sede no município de Imbituba, litoral do Estado. Sua localização se deve ao fato de as Baleias Francas frequentarem o litoral catarinense na época de reprodução, para o acasalamento, parição e amamentação dos filhotes, durando as estações de inverno e primavera. É neste período que o turismo ecológico cresce muito nas cidades de Imbituba, Laguna e Garopaba. No entanto, desde o decorrente ano (2013), a observação embarcada das baleias, seja ela com ou sem motor, está proibida pelo Tribunal Regional Federal (TRF). Apesar disto, você está convidado a pegar seu binóculo e procurar os locais mais altos das cidades citadas acima e avistar as Baleias Francas que visitam o nosso litoral.

Por: Thaís Hipolito e Fernanca Cabreira

Fonte:
As imagens ilustradas acima foram retiradas do site do Projeto Baleia Franca.

Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio
www.icmbio.gov.br

Projeto Baleia Franca
www.baleiafranca.org.br

Insituto Baleia Franca
instituobaleiafranca.blogspot.com.br

RBS central de jornalismo
www.g1.globo.com/sc

União Internacional para a Conservação da Natureza - IUCN
www.iucnredlist.org

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Se não correr o bicho morre

   Somente nas duas últimas semanas, a Polícia Militar Ambiental de Lages apreendeu 13 armas de fogo, em sua grande maioria espingardas de diversos calibres, em posse de indivíduos que estavam praticando ou já haviam praticado a atividade de caça predatória nas mais diversas localidades da Região Serrana do nosso Estado. Além da grande quantidade de armas e petrechos para caça, o que mais chama atenção nessas ocorrências são a origem e faixa etária dos caçadores. É crescente incidência de pessoas vindas do Vale e Alto Vale do Itajaí, bem como do Litoral de maneira geral, para praticarem a caça predatória em nossa região. Tal fato pode estar diretamente relacionado a grande "oferta" de animais silvestres existentes aqui na serra, ao contrário do que se percebe em outras regiões, que já sofrem com os efeitos da defaunação. No mesmo sentido, apesar dos inúmeros atrativos sadios de lazer oferecidos atualmente aos nossos jovens, também é crescente a prática da caça predatória por pessoas com idade inferior a 30 anos, e em alguns casos, por menores de idade. É indiscutível que essa prática é histórica e cultural, tendo sido primordial para a subsistência humana em alguns períodos de nossa existência. Entretanto, é notório atualmente o caráter de "farra" implícito nesse tipo de prática. Caçar para sobreviver já não é mais a justificativa. O que se vê são homens engajados pelo melhor tiro, ou como diz o serrano, no melhor "tombo do bicho".

 Fonte: Arquivo Polícia Militar Ambiental de SC
    Atualmente a caça predatória associada à fragmentação das florestas é a principal causa da defaunação nos biomas brasileiros, principalmente na Mata Atlântica. Algumas espécies estão extinguindo-se localmente, comprometendo significativamente alguns processos ecológicos importantes para o equilíbrio dos ecossistemas. Observamos o aumento das chamadas "florestas vazias", onde algumas espécies vegetais estão fadadas a extinção por conta da impossibilidade de dispersão de suas sementes, uma vez que os agentes responsáveis já não desempenham seu papel. Da mesma forma, o aumento de populações sem predadores naturais pode trazer consequências indesejáveis para as próprias florestas, esgotando fontes alimentares rapidamente e evitando o fluxo de propágulos. Para o homem, esse aumento pode acarretar em prejuízos relacionados ao ataque de lavouras e rebanhos.

 Fonte: Arquivo Polícia Militar Ambiental de SC

   E como reduzir a prática da caça predatória, e consequentemente de seus efeitos?
   Atualmente o país detém uma das melhores legislações ambientais do mundo, senão a melhor. Entretanto, a Lei Federal nº 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais) e o Decreto Federal nº 6.514/08, que a regulamente, são extremamente brandas no tocante aos crimes contra a fauna. Na esfera administrativa, a multa para quem ceifa a vida de um animal através de sua caça, é de quinhentos reais. Já na esfera criminal, a pena para quem mata um, cinquenta, ou cem animais é a mesma, dificilmente passível de prisão ou outras sanções mais severas.
   É fundamental, portanto, uma minuciosa revisão da legislação voltada aos crimes contra a fauna no Brasil, tornando mais severas as sanções para quem pratica a caça predatória.
   Mas essa iniciativa deve partir da população, principalmente dos segmentos da sociedade formadores de opinião, como as universidades e as organizações do terceiro setor. Desta maneira poderemos reverter o atual quadro de declínio de espécies animais e vegetais no país.


Por: Diego Küster Lopes - Biólogo e Soldado da Polícia Militar Ambiental
  

terça-feira, 2 de julho de 2013

Leão goleia o peixe pela vaga na final.

   Num jogo memorável, o time do Leão vence o time do Santos, demonstrando raça e força dignas de um time campeão. Quantas vezes lemos nos noticiários, manchetes como estas? Associando qualidade de animais e também da flora, a equipes de futebol, a produtos e as pessoas de modo em geral. Várias vezes. Parece-nos que as pessoas têm um amor ilimitado pela nossa natureza. Porém, a realidade é outra, e queremos discutir neste projeto como valorizar a nossa fauna nativa através de mecanismos que tenham auto grau de replicação e inserção na sociedade, demonstrando que aquele animal que é símbolo de raça e força, é um bicho típico de nossas matas e deve ser protegido.
   Num país de tantos problemas sociais, não poderíamos esperar que a área ambiental fosse prioridade, ou que tivéssemos no mínimo, o mesmo "status" das demais. Porém, o que percebemos é que há uma porta de entrada, uma oportunidade, pouco explorada por ambientalistas e outras pessoas preocupadas com o tema, para valorizar a nossa fauna, a nossa natureza; agregando um valor sentimental que é muito mais forte do que um valor econômico.
   No nosso cotidiano vemos a imagem, as qualidades de vários animais associadas as mais diversas situações, atribuindo a estes qualidades humanas, que podem ser "visualizadas" nestes, como a sabedoria da Coruja, símbolo dos cursos de Direito. Quem foi que disse que Coruja é sábia? É um conceito inserido no subconsciente da população, devido às características deste animal que sugerem uma sapiência maior que a dos outros. Aproveitar esta situação é o nosso desafio, tornar este símbolo em algo real, algo que a população em geral, que já tem bicho em bom conceito, se sinta "obrigada" a ajudar na sua preservação e expandindo a ideia, na proteção de seu habitat, o que favoreceria outras espécies menos carismáticas.


   Um primeiro passo neste caminho seria criar uma campanha de divulgação dos animais nativos brasileiros, transformá-los em "garotos propaganda" da nossa natureza e isto pode-se dar através de alterações simples em alguns locais chaves, por exemplo nos livros escolares, em vez de aprendermos o "G" de girafa, aprenderemos o "G" de gambá, parece tolice, mas podemos perceber em outras culturas, a valorização da sua fauna e consequentemente o apelo a sua conservação. Um caso emblemático é o "Panda", símbolo da organização WWF, há toda uma rede de apoios a preservação desta espécie, que necessariamente não é a mais ameaçada de extinção. Precisamos aproveitar a inserção das espécies nativas nos diversos meios da sociedade para provoca-los a "adotar" estes mascotes, para que quando discutamos um empreendimento a população se sinta no direito e dever de participar, porque quer proteger a nossa fauna. Evidentemente exercendo mais pressão por bons estudos e discutindo a viabilidade do empreendimento.
   É claro que o caminho não esta pronto, muito menos é fácil, há a necessidade de se criar todo um projeto pedagógico e de marketing, para que a população associe a imagem positiva que ela já tem da nossa fauna em atitudes reais para sua proteção, parte deste caminho já está pronto, a partir do momento que um time de futebol adota "Baleia" como símbolo, isto é uma propaganda grátis, só precisa ser trabalhada. E nem estamos citando outros exemplos da flora, que poderiam também ser melhor aproveitados, contribuindo na "valorização emocional" da nossa natureza.

Por: Michel Omena

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Viva a monogamia, ou não.

Não importa em qual cidade do Brasil você esteja, seja no meio do mato, na cidade ou na praia, faça chuva ou faça sol, convenhamos que hoje o dia amanheceu mais cativante e com um toque de paixão no ar. Seja você solteiro, namorado, casado, divorciado ou até viúvo, é hoje que lembramos cada um do seu par e da sua relação monogâmica, ou seus pares e seu harém, se assim preferir. No dia dos namorados, o NUPAS apresenta pra vocês os animais monogâmicos, solteirões convictos e aqueles que admiram um bom harém.
Começamos por aqueles que vivem um amor tão arrebatador que depois que se conhecem quase trocam juras de amor – se não fossem animais, claro - e literalmente vivem juntos até que a morte os separem. Um exemplo muito conhecido é o João de Barro (Furnarius rufus), o casal constrói o ninho utilizando barro úmido, esterco e palha, em formato de forno de barro, que pode ser facilmente identificado e visualizado no alto de árvores e postes. O interior do ninho possui uma parede separando a entrada da câmara incubadora, diminuindo as correntes de ar e o acesso de possíveis predadores. Eles não utilizam o ninho por mais de duas estações seguidas, realizando um rodízio entre dois ou três ninhos, quando não há mais espaço eles constroem em cima ou ao lado do ninho velho. Outros exemplos de animais que vivem em casal são a Curicaca (Theristicus caudatus) e o Papagaio-charão (Amazona pretrei).


Como todo solteirão bem seguro de si, eles conquistam as fêmeas na época em que elas estão mais propensas a se sentirem atraídas. Esse processo ocorre na grande maioria dos animais, sejam mamíferos ou aves, são nos períodos de reprodução que o macho e a fêmea se procuram para acasalarem e procriarem. Trazendo esse exemplo para a nossa região, encontramos o Puma (Puma concolor), os animais vivem isolados e na época de reprodução – não específica – os animais copulam. A fêmea permanece grávida por aproximadamente 90 dias e após o nascimento o filhote vive sob os cuidados da mãe até os dois anos de idade.
Há ainda aqueles mais ousados que constituem um harém, formando um grupo seleto, no qual as fêmeas se conhecem e mesmo assim convivem super bem. As capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris) são exemplos de roedores que vivem dessa maneira. Em um grupo formado por um número variado, geralmente não ultrapassando vinte indivíduos, constituído de machos e fêmeas, no qual o macho alfa é o principal procriador.


Querido leitor, brincadeiras a parte, desejo que você aproveite essa noite, independente do seu “status de relacionamento”!


Por: Thaís Hipolito

segunda-feira, 27 de maio de 2013

A Mata Atlântica "grita" por atenção!

   Hoje, no dia nacional da Mata Atlântica, o NUPAS não poderia se calar, já que o estado de Santa Catarina encontra-se em sua totalidade neste bioma. A Mata Atlântica é uma das áreas mais ricas em biodiversidade e mais ameaçada do planeta. É também decretada Reserva da Biosfera pela Unesco e Patrimônio Nacional, na Constituição Federal de 1988. Segundo dados da ONG SOS Mata Atlântica este bioma brasileiro abrangia cerca de 1.315.460 km² do Brasil, atualmente, restam apenas 7,91% de remanescentes florestais acima de 100 hectares do que existia originalmente, e se somados todos os fragmentos de floresta nativa acima de 3 hectares obtém-se apenas 11%.




   No Brasil, aproximadamente 112 milhões de habitantes vivem na Mata Atlântica, ou seja, cerca de 61% da população brasileira. Além disso, vivem na mata também:


  • Mais de 20 mil espécies de plantas, sendo 80 endêmicas;
  • 270 espécies conhecidas de mamíferos;
  • 992 espécies de aves;
  • 197 répteis;
  • 372 anfíbios;
  • 350 peixes.

   Portanto caro leitor, vamos aproveitar esse dia para preservar o que é nosso!

Por: Thaís Hipolito


Fonte:


terça-feira, 21 de maio de 2013

Amo muito tudo isso!

   Ter qualidade de vida requer uma boa alimentação, tal afirmação é valida não somente para as populações humanas, mas também para os animais que vivem sob nossos cuidados. Os seres humanos criam animais em cativeiro há pelo menos 25.000 anos. No processo de manutenção das espécimes em cativeiro, a alimentação fornecida, muitas vezes, é diferente da encontrada pelo animal em seu ambiente de origem. Porém como alimentar animais das mais diversas partes do mundo, e mantê-los nutridos? O alimento não tem comento o papel de satisfazer a fome do animal, faz parte também da manutenção orgânica do organismo. Nos zoológicos do Brasil o alimento oferecido às espécimes nem sempre segue uma dieta balanceada, apesar da diversidade de ingredientes existentes. Desta forma, compor a dieta nutricional de animais selvagens sob cuidados humanos exige uma verdadeira engenharia, pois nem sempre alimentar significa nutrir.


   Um animal se alimenta por dois motivos básicos: (a) preencher o estômago e (b) repor as perdas hídricas e orgânicas, lembrando que a água também pode ser considerada um alimento. O processo de nutrição dos animais em um zoológico não é tão simples. A diversidade de espécies presentes com hábitos e exigências diferentes faz  com que os profissionais atentem para alguns cuidados. O balanceamento de qualquer tipo de dieta, que alimente e nutra de forma apropriada os animais é a grande questão. Um alimento formulado que atenda a necessidade de saciar a fome do animal deve ao mesmo tempo satisfazer as exigências nutricionais do organismo, tais como energia, aminoácidos, açúcares, gorduras, minerais e vitaminas, caso contrário irá alimentar o animal sem nutrir.
   Durante a formulação de uma dieta a ser oferecida para um animal, deve-se ter como objetivo alimentar um determinado organismo a fim de alcançar a nutrição dos órgãos e tecidos. Nas mais diferentes espécies animais domésticas, os guias de exigências nutricionais auxiliam na determinação das necessidades de uma categoria animal, enquanto, as tabelas de composição dos alimentos dispõem de informações sobre o valor nutricional dos possíveis ingredientes. Fato não concreto para os animais selvagens, onde produtos comerciais indicados para espécies domésticas são incluídos na dieta. O leite PetMilk®, recomendado para caninos e felinos domésticos, é usado para alimentar filhotes das mais diversas espécies selvagens. Já os antílopes são alimentados com feno de alfafa e sal mineral para gado (formulação comercial), somente pela proximidade taxonômica destes grupos e não por suas exigências nutricionais.
   Haja vista a lacuna de informações presente, a análise de alimentos permite encontrar respostas para a nutrição de animais selvagens, criando as tabelas de composição química-bromatológica dos alimentos. Ao conhecer do que o alimento é composto o nutricionista tem potencial para criar dietas balanceadas aos animais selvagens. Em consonância, conhecer as exigências nutricionais de cada espécies também se torna imprescindível, nos diferentes estágios da vida e em diferentes épocas do ano. Com as exigências nutricionais e a composição dos alimentos permite-se formular dietas corretas. Além desses dois fatores a biologia comportamental de cada espécie influencia no sucesso da nutrição. Determinadas respostas a estímulos ambientais (temperatura, fotoperíodo) podem desencadear uma série de atitudes, que reduzam ou aumentem a ingestão de alimento ou a exigência nutricional. É possível notar que animais em atividade reprodutiva permanecem por dias consecutivos sem se alimentar, e inclusive reduzir seu escore corporal. A atividade alimentar em populações come estrutura hierárquica (ex. primatas) também deve ser revista. Geralmente o macho alfa tem preferência na escolha do alimento disponível, deixando para o restante do grupo uma menor variedade de opções. Nestes casos recomenda-se a suplementação com rações, ou seja, alimento padronizado em forma, peso e palatabilidade e composição nutricional, disponível para todos. Os horários de fornecimento do alimento, assim como o fracionamento das refeições, são outros fatores a considerar.
   Nutrir animais e não somente alimentá-los, torna-se um desafio constante. Fornecer uma dieta correta é garantir por parte a saúde do animal. Formular dietas passa a ser o ato de tomar decisões técnicas baseadas em princípios científicos. Vale lembrar que a criatividade torna-se um pré-requisito. Haja visto que dispomos de uma grande diversidade de ingredientes, nem sempre disponíveis. Atentar para a qualidade do alimento disponível e saber das exigências do animal constituem o primeiro passo. Ter a sensibilidade de reconhecer as respostas que as diferentes espécies vão ter com os estímulos do ambiente é fundamental. Temos assim a capacidade de formar uma estratégia de sucesso. Lembrando somente que um animal nutrido e fisicamente bem, não necessariamente é um animal saudável.


Por: Vilmar Picinatto Filho

terça-feira, 30 de abril de 2013

Bicho da semana

   O Leopardus weidii, ou Gato-maracajá, é o animal escolhido da semana pelo NUPAS, ele pertence a um dos grupos de mamíferos mais apreciados pelo homem e se inclui também no grupo de animais silvestres mais pesquisados, os felídeos. Hoje em dia, a maior causa do declínio da população de felídeos silvestres na natureza é a destruição e a fragmentação do seu habitat, além do tráfico ilegal e da perseguição direta em forma de caça e abate. Como você, leitor, pode perceber, ao acompanhar o blog, essas ameaças são comuns entre muitas espécies de animais silvestres infelizmente.
   O Gato-maracajá é considerado um pequeno felídeo, medindo de 46 a 62cm de comprimento e pesando em média 3,3kg. Este animal apresenta algumas características marcantes como olhos grandes e protuberantes, focinho saliente, patas grandes e uma cauda comprida, representando até 70% do comprimento do corpo (da cabeça à inserção da cauda).


   A coloração da sua pelagem varia entre amarelo-acinzentado e castanho-ocre, com diversas tonalidades intermediárias. O padrão dos ocelos também é variável, de grandes pintas sólidas a bandas longitudinais. As rosetas são largas, completas e bem espaçadas nas laterais.
   Este felino apresenta hábito solitário e quase exclusivamente noturno. Durante o dia descansa nas árvores, apresentando uma excepcional habilidade para escalá-las, pois conseguem girar as patas traseiras até 180º, o que o permite se locomover sob galhos, se pendurar pela pata traseira e descer troncos verticais de frente.



   Pode ser encontrado em todas as regiões brasileiras principalmente em florestas verdes e decíduas, além de planícies costeiras, matas ciliares e cerrado. Sendo raramente encontrada em altitudes acima de 1.200m. Segue abaixo um vídeo pertencente ao arquivo do NUPAS de um Leopardus wiedii na localidade de Painel, SC. 




Fique atento as próximas publicações do Blog!!

Por: Thaís Hipolito

Fonte:

CUBAS, Z.S., SILVA,J.C.R. & Cartão-Dias, J.L. (ed.) Tratado de Animais Selvagens – Medicina Veterinária. Editora Roca, São Paulo.

São Paulo (estado). Polícia Militar do Estado de São Paulo. Comando de Policiamento Ambiental do Estado de São Paulo.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Desejamos a todos o respeito dos índios pelos animais


Hoje comemoramos o dia do índio, decretado pelo então presidente Getúlio Vargas no ano de 1943! Neste dia costuma-se valorizar e relembrar a cultura indígena, assim como a importância desse povo. Aqui no Brasil o número de índios chegava a cinco milhões de nativos aproximadamente. Como sabemos os índios sobrevivem utilizando recursos naturais oferecidos pelo meio ambiente através da caça, plantação, pesca, coleta e produção de instrumentos necessários a essas atividades. Tudo para os índios era motivo de comemoração, independente se havia tido uma boa colheita ou um casamento, então nada mais justo do que o NUPAS também comemorar o dia daqueles que possuem grande importância histórica.
Como os índios habitavam as matas eles estavam em conexão direta com a fauna e flora, consequentemente com os animais silvestres de sua região, como por exemplo, alguns macaco, araras, quatis, papagaios, porcos do mato e capivaras. Há ainda alguns traços de nossa linguagem que descendem dos índios, como a origem de alguns nomes de animais silvestres, por exemplo, o jacaré que veio da tribo tupi, o jaguar que significa "cão" ou "lobo", a capivara que quer dizer "comedor de capim", entre outros como jacu, guará, tatu, tamanduá, jararacuçu.

Filme "Tainá - a origem"

À medida que os anos foram passando a urbanização e população aumentaram em grandes proporções, e os índios perderam seus espaços para grandes cidade ou áreas de agropecuária, assim como os animais silvestres. Atualmente uma das adversidades no Brasil são os conflitos por demarcações de terras que os índios reivindicam. Mas não podemos esquecer que os índios são parte da história viva do nosso país e merecem todo o respeito.
Há um provérbio indígena que questiona se somente quando for cortada a última árvore, pescado o último peixe, poluído o último rio, é que as pessoas vão perceber que não podem comer dinheiro. O NUPAS zela pelo respeito para com os animais, portanto, vamos nos espelhar nos índios que tanto apreço tem pelos animais silvestres.


Por: Fernanda Cabreira e Thaís Hipolito


segunda-feira, 8 de abril de 2013

O NUPAS preparou mais essa para você!

Caro leitor, não perca mais essa novidade do NUPAS! Estreou hoje na rádio UDESC FM um dos projetos do grupo. O projeto de extensão “É o bicho: a fauna catarinense no rádio” foi reformulado e começa a ser transmitido em todas as rádios UDESC FM do Estado de Santa Catarina, em Lages 106.9, Joinville 91.9 e Florianópolis 100.1 a partir da data de hoje, com 3 inserções diárias, incluindo finais de semana.
O programa “É o bicho” transmite ao ouvinte curiosidades, conhecimento e desmistifica espécies da fauna catarinense nativa. Ouça abaixo o programa que foi ao ar hoje.



Os horários na rádio UDESC FM Lages são às 8, 16 e 23h. Caso você não tenha acesso a um aparelho de som ou esteja fora da área de abrangência, sintonize-se pelo site www.cav.udesc.br , clicando no link da rádio.
Portanto querido leitor, a partir de hoje fique mais por dentro ainda da fauna catarinense nativa com o NUPAS e seja também um ouvinte da rádio! Sintonize na Rádio UDESC FM e não perca essa novidade que o NUPAS preparou para você!


Por: Thaís Hipolito

segunda-feira, 18 de março de 2013

As semelhanças são grandes

Quem nunca ouviu falar que “Não se compra o livro pela capa” ou “As aparências enganam”? São ditados populares como esses que nos deixam um pouco ressabiados e desconfiados, afinal “Um homem prudente vale mais que dois valentes”. Hoje o NUPAS irá mostrar a você leitor que realmente “Nem tudo que reluz é ouro”.
Na natureza os animais costumam se proteger de seus predadores de diversas maneiras, se escondendo, subindo nas arvores ou ainda se camuflando. O ato de se camuflar nada mais é do que uma adaptação ao meio ambiente no qual o animal vive, permitindo com que o mesmo seja indistinto ao meio que o cerca. Este recurso é resultado de uma seleção natural que determinada espécie sofreu durante muitos anos. A camuflagem pode ocorrer através da coloração, da cobertura corporal ou ainda pelo formato do corpo, por exemplo, os golfinhos e alguns peixes marinhos que possuem uma coloração azul acinzentada para se assemelharem ao mar.


Esta imagem foi obtida dos arquivos do NUPAS, aonde podemos observar a presença de dois quatis camuflados no ambiente em que vivem, devido, principalmente, a sua coloração.
Outra característica que algumas espécies de animais silvestres apresentam, a qual os permite se proteger dos predadores, é a mimetização. Pode ser facilmente confundida com a camuflagem, mas são processos muito diferentes. A mimetização ocorre quando uma espécie animal imita características de outra espécie animal ou vegetal, tornando-as muito parecidas e enganando os predadores ou as presas. Existem algumas espécies de borboletas que possuem desenhos em suas asas semelhantes a olhos espantando assim seus predadores, ou ainda uma espécie de aranha que apresentam o corpo muito parecido ao de uma formiga permitindo uma aproximação da sua presa e uma captura mais fácil . Outro exemplo muito característico é a Cobra-coral-falsa (Oxyrhopus sp.), que  não é peçonhenta, se assemelha muito a Cobra-Coral-verdadeira (Micrurus frontalis e Micrurus corallinus), que são cobras peçonhentas, para se proteger de outros animais.

M. corallinus

M. frontalis

Oxyrhopus sp.

Portanto caro leitor, é sempre bom estarmos atentos aos “Lobos em pele de cordeiro”. Boa semana a todos!


Fonte das imagens 2,3 e 4:
São Paulo (estado). Polícia Militar do Estado de São Paulo. Comando de Policiamento Ambiental de São Paulo.

Por: Thaís Hipolito


segunda-feira, 4 de março de 2013

Que sejamos tão sábios quanto as corujas!


No embalo do início das aulas o NUPAS escolheu o animal símbolo da sabedoria para discutirmos um pouco mais, a coruja! E que ela então nos traga muita sabedoria em mais um ano letivo.
Foi na antiguidade que a coruja se tornou símbolo da sabedoria. Segundo a mitologia grega, Athena, Deusa da sabedoria, tinha como mascote uma coruja, que permanecia no seu ombro e lhe revelava todas as verdades invisíveis. Além disso, o que lhe conferiu este mérito foi o seu hábito noturno e sua visão privilegiada. Acreditava-se que as corujas viam o que os humanos não viam, por enxergarem na escuridão e conseguirem girar seu pescoço em 270º. Representando, portanto, para muitas culturas uma conhecedora do oculto. Não é a toa que a coruja aparece em vários desenhos como uma grande conselheira, contadora de histórias e transmissora de conhecimentos.

                                  Sr. Corujão, personagem do Desenho Winnie the Pooh da Walt Disney

As corujas, assim como outras aves são usualmente classificadas por ornitólogos como aves de rapina, por alimentarem-se de outros animais além de apresentarem bicos e patas especialmente adaptados para a caça. As corujas, pertencentes a ordem Strigiforme,  são ainda divididas em rapinantes noturnos, assim como os mochos, as suindaras, entre outros.
A relação entre o homem e os rapinantes pode ser considerada paradoxal, pois por diversas civilizações antigas foram consideradas como símbolos de veneração religiosa ou poder, essas mesmas aves têm sido impiedosamente perseguidas nos últimos séculos como predadoras de animais domésticos. No entanto, o progressivo conhecimento sobre a biologia desses animais vem demonstrando sua verdadeira importância ecológica no controle de vários insetos, aves e roedores considerados pestes na agricultura ou reservatórios de zoonoses, revelando os benefícios que a conservação dessas espécies pode gerar ao homem. Ainda assim, inúmeras ameaças pairam sobre as aves de rapina no Brasil, assim como no mundo inteiro, sendo a maior delas a degradação e destruição do habitat, seguida pela contaminação ambiental por pesticidas e outro poluentes (metais pesados e compostos bifenólicos), destruição de corredores de migração, envenenamento intencional e tráfico internacional de animais selvagens.
Conhecido por sua impressionante extensão territorial e biodiversidade, o Brasil abriga quase 1.800 espécies de aves, segundo cálculos recentes do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2006). Entre as espécies da ordem Strigiformes, a família Tytonidae possui apenas uma representante na América do Sul, a suindara (Tyto alba), que se caracteriza pela presença de um disco facial em forma de coração, estrutura delgada e coloração ventral branca. Paralelamente, a família Strigidae compreende 49 espécies no continente, das quais 19 encontram-se em território brasileiro. Algumas particularidades que separam as suindaras da família Strigidae são a estrutura da siringe (membrana localizada no aparelho respiratório, responsável pela produção e emissão de sons) e a posição das pernas.
Ao contrário da crença-popular, na ordem Strigiformes raras são as espécies de hábitos essencialmente noturnos, sendo a maioria das corujas de atividade crepuscular. No entanto, a coruja buraqueira (Speotyto cunicularia) e o mocho dos banhados (Asio flammeous) são considerados diurnos, enquanto algumas aves do gênero Glaucidium apresentam hábitos diurnos até certo ponto.
Se considerarmos a presente lista de fauna ameaçada de extinção no Brasil, perceberemos que quatro de nossas aves já foram extintas na natureza. Duas delas, que também ocorriam em outros países, nunca mais poderão ser vistas em seus ambientes naturais; ninguém mais poderá apreciar seu colorido, seu canto ou seu voo e, pior, suas interações com outras espécies de animais e plantas também desapareceram por completo. Estas aves que desapareceram nos mostram em quê e como erramos no passado e, claro, são a mais pura tradução do que irá acontecer com a nossa biodiversidade se o processo de destruição da natureza prosseguir nos níveis e velocidade atuais.
Por fim, leitores do blog É o Bicho, desejamos um bom início de atividades e que saibamos agir sempre com grande sabedoria, seja no trabalho ou com relação aos animais silvestres!

Por: Thaís Hipolito

MACHADO, A.B.M., DRUMMOND, G.M., PAGLIA, A.P. (org) Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Vols 1 e 2. Brasília: MMA, 2008.
CUBAS,  Z.S., SILVA,  J.C.R. & Cartão-Dias J.L. (ed.) Tratado de Animais Selvagens - Medicina Veterinaria. Editora Roca, São Paulo.
São Paulo (estado). Polícia Militar do Estado de São Paulo. Comando de Policiamento Ambiental do Estado de São Paulo.